Sempre é possível dar a volta por cima

O PROJETO


Só quem já passou pela experiência de sofrer abuso sexual na infância e/ou adolescência sabe da dor e da revolta que se sente, além de todas as complicações advindas desta situação. Eu sou uma delas. Meu nome é Maria Regina Peres Paccanaro.

Milhares de crianças sofrem abuso sexual. Apenas no período de janeiro a março de 2011, 4200 denúncias foram recebidas pelo Disque 100, serviço da Secretaria de Direitos Humanos que recebe denúncias de violações de direitos humanos. Essas crianças tiveram a sorte de ter o apoio de algum familiar ou amigo que denunciaram os agressores. Eu não tive.

E foi por este motivo que resolvi desenvolver o Projeto Minha Vida Nova.

Quando todos agirmos diante do horror deste comportamento e tivermos as atitudes corretas para fazer o que é bom e correto, a impunidade deixará de ser regra e poderá se tornar uma exceção, passível de acontecer. É responsabilidade de todos denunciarem o abusador, e da família providenciar tratamento adequado o mais rápido possível, porque esta é a fórmula para acabar com a impunidade e restaurar a confiança e autoestima das vítimas.

ATITUDE É FUNDAMENTAL, nenhuma pessoa merece sobreviver até a idade adulta, desperdiçando um tempo precioso da sua vida, quando é possível resolver mais rapidamente quando é tratado adequadamente assim que ocorre o abuso.

“TRANSGREDIR É UM PROCESSO, É O MOMENTO EM QUE NOS VOLTAMOS PARA OUTRA DIREÇÃO MARCA UM NOVO SEGMENTO DE NOSSAS HISTÓRIAS INDIVIDUAIS E COLETIVAS.

A QUALIDADE DE VIDA COLETIVA É PREJUDICADA CADA VEZ QUE UM INDIVÍDUO NÃO EXERCE TODO O SEU POTENCIAL TRANSGRESSIVO.

 A VIDA PODERIA SER MELHOR, PRODUZIR MAIOR SATISFAÇÃO, MAS OS INDIVIDUOS SE ABSTÊM DE SEUS DIREITOS E COM ISSO AFETAM O DIREITO DE TODOS.” (Nilton Bonder)

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O QUE FAZEMOS

Através deste Projeto, quero compartilhar informações que considero importantes para todas as pessoas que chegarem até aqui em busca de apoio e esperança para iniciarem a jornada mais importante de sua vida: obter uma nova visão do passado e adquirir as ferramentas necessárias para deixar de ser um sobrevivente e atuar como protagonista na vida, viver de fato, com coragem, consciente de si, sabendo-se merecedores de tudo de bom que a vida oferece, cuidando-se com carinho e amor.

Aqui você pode contar com a orientação de profissionais aptos a esclarecer suas dúvidas, além do meu incessante apoio para aqueles que desejam conversar com alguém que também passou por esta experiência.

A psicóloga Martha Daud, que poderá orientá-los em como proceder na escolha de um tratamento terapêutico.

A advogada Priscila Mazzetto Mello que poderá orientá-los no aspecto legal.

Também temos o apoio do Projeto Vitarum, que disponibiliza salas virtuais para eventos de vídeo conferência pela internet, para que nossos colaboradores ministrem palestras sobre o assunto e temas de encorajamento e apoio.

Além disso, temos um espaço para aqueles que desejam compartilhar suas experiências – de forma anônima ou não. Entendemos que a única forma de abrir os olhos das pessoas para este crime é mostrando sua realidade.

Eu também preciso de apoio e ajuda por isso agradeço aos meus colaboradores, em especial a Tatiana Mattos – diretora executiva da Net Salas e responsável pelo Projeto Vitarum -, sem ela este Projeto se tornaria muito difícil.

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QUEM SOU EU

Eu, Maria Regina, tenho um histórico de sucessivos abusos ocorridos na minha infância e adolescência, por isso, sinto-me no direito de falar abertamente sobre isso, com conhecimento de causa.

Hoje eu tenho 52 anos, casei-me, divorciei-me, tenho dois filhos adultos e um neto com 3 anos. Profissionalmente sou bem sucedida, faço um trabalho que eu gosto.

Até 2005, eu acreditei que esses acontecimentos não tinham me afetado. Aprendi a sobreviver, mas eu, até então, desconhecia o que é viver. Um dia tive um insight e através de uma amiga conheci o psicólogo Dr. Marcos Renna e comecei um tratamento terapêutico. Depois de dois anos, passei a ser atendida pela psicóloga Dra. Martha Daud.

Foi um processo difícil pra mim, porque com 46 anos eu tinha conceitos bem definidos, mecanismos de defesa fortíssimos e uma grande resistência e negação.

E tive que enfrentar o meu medo, o maior deles CONFIAR.

Mas hoje, olhando para trás, eu sei que foi importante, necessário e valioso, e que o peso que eu carregava foi alterado e o valor que eu colocava em determinadas situações já não é mais o mesmo.

Eu tenho um conhecimento muito maior de quem eu sou, aprendi a reconhecer e aceitar a minha sombra como parte de mim e fiz dela uma aliada.

Eu costumo dizer que sou muito persistente, que é sinônimo de resistente, se eu consegui chegar até aqui, você também consegue talvez em menos tempo e com mais facilidade.

Contem comigo!

Um grande abraço

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